domingo, 29 de dezembro de 2013

História de Natal



 

Os Primitivos habitantes do RN
O Rio Grande do Norte foi habitado pelos animais da megafuna na era Cenozóica e, dos estudos realizados sobre o assunto, é possível chegar a duas conclusões, como disse Tarcísio Medeiros:
"a) A extinção dos grandes mamíferos processou-se mais recentemente do que se supõe em partes dessa região."
"b) Que a presença do homem, em comum com esses animais da megafauna no mesmo território, é mais antiga do que se considera habitualmente".
Exemplo dessa presença humana no Nordeste: Chá do Caboclo (Pernambuco).
Os primitivos habitantes eram formados pelos grupos de caçadores e coletores. Os homens contemporâneos da megafauna deixaram vestígios que se encontram nos sítios Angicos e Mutamba II. Diversos estudos arqueológicos foram feitos pelo Museu Câmara Cascudo, tendo à frente o pesquisador A. F. G. Laroche que, com suas investigações, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte, forneceu importantes subsídios para a pré-história nordestina. Nássaro Souza Nasser e Elizabeth Mafra Cabral analisaram as inscrições rupestres do Estado, publicando posteriormente um estudo sobre o assunto. A arqueóloga Gabriela Martín, da Universidade Federal de Pernambuco, pesquisou intensamente as inscrições rupestres do Rio Grande do Norte, resultando em estudos como o intitulado "Amor, Violência e Solidariedade no Testemunho da Arte Rupestre Brasileira". Participou também do "Projeto Vila Flor", financiado pelo SPAN/Pró-Memória, cujo objetivo era o "estudo arqueológico e levantamento da documentação histórica da Antiga Missão Carmelita de Gramació". A mesma pesquisadora recentemente publicou um livro sobre a pré-história do Nordeste.
Na fase Megalítica, os homens se tornaram sedentários. O pesquisador Nássaro Nasser descobriu as "Tradições Cerâmicas", chamadas de Papeba e Curimataú. O professor Laroche, por sua vez, encontrou vestígios de diversas culturas pré-históricas, sendo a mais antiga do sítio "Mangueira", em Macaíba.
O professor Paulo Tadeu de Souza Albuquerque, coordenador do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Larq/UFRN), realizou uma série de pesquisas, trazendo novas luzes sobre o longínquo passado potiguar. Participou de escavações realizadas na Fortaleza dos Reis Magos e na antiga catedral, onde encontrou o túmulo de André de Albuquerque Maranhão.
Alberto Pinheiro de Medeiros, coordenando investigações de alunos da UFRN, enveredou por outras vertente sobre o tema pesquisado, chegando a sistematizar uma alternativa - descrita no item sobre as inscrições rupestres, mostrado a seguir que poderia ser acrescida às conclusões já apresentadas sobre os primeiros habitantes do Rio Grande do Norte.

 

Afinal, quem fundou Natal?
A primeira versão que contou no início com a quase unanimidade dos historiadores, inclusive dos pesquisadores da terra, era a que apontava Jerônimo de Albuquerque como fundador da Cidade do Natal. Essa teoria, que tem entre seus defensores ilustres nomes, como Vicente Lemos, Tavares de Lyra e Tarcísio Medeiros, em síntese seria a seguinte: Mascarenhas Homem nomeou Jerônimo de Albuquerque comandante da fortaleza e depois seguiu para a Bahia com a finalidade de prestar contas da missão que desempenhara, por determinação do governador-geral do Brasil. Veio a seguir a pacificação dos nativos e, em seguida, a fundação da cidade. Como Jerônimo se destacou no processo e era o capitão-mor da Capitania do Rio Grande, logo fora ele o fundador de Natal. Tavares de Lyra chega até a afirmar que "é de presumir". Portanto, não se tratava de fato e, sim, de uma possibilidade.
Com o avanço das pesquisas, ficou provado que Mascarenhas Homem não designou Jerônimo de Albuquerque para exercer a função de capitão-mor do Rio Grande e, o que é mais importante, Jerônimo não se encontrava presente na data da fundação da cidade e portanto não pode ser considerado como sendo seu fundador ...
Luís Fernandes (1932) defendeu ter sido Manuel Mascarenhas Homem o fundador da Cidade do Natal. Alegava que, construindo o primeiro edifício (a fortaleza) e ainda as casas que deram origem à povoação que se formou próxima à fortaleza, seria o verdadeiro padrinho da cidade. Argumentação falha, considerando que o novo centro urbano não possuía nenhuma relação com tudo o que existia anterior à data da sua fundação.
José Moreira Brandão Castelo Branco publicou em 1950, na revista Bando, o texto "Quem fundou Natal", onde defendia a tese de ser João Rodrigues Colaço o provável fundador da capital potiguar. Posteriormente, esse estudo foi publicado na revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, em 1960, provocando uma polêmica. Câmara Cascudo chegou inclusive a apoiar a teoria defendida por Castelo Branco (1955). Pouco tempo depois mudou de opinião, acreditando que o fundador da cidade teria sido outro: "Para mim, o padrinho da Cidade do Natal foi Mamuel de Mascarenhas Homem, capitão-mor de Pernambuco, comandante da expedição colonizadora:. E argumenta: "Continuava tão interessado no cumprimento das reais determinações que fora à Paraíba, em juno desse 1599, assistiu à solenidade do contrato das pazes com os potiguares, ato possibilitador da criação da Cidade seis meses depois. Acontece que, nessa época, Mascarenhas Homem estava em Natal onde concedeu, a 9 de janeiro de 1600, data nesta fortaleza dos REIS MAGOS (...), a primeira sesmaria, à margem esquerda do rio, numa água a que chamam da Papuna, justamente ao capitão João Rodrigues Colaço, seu subalterno. Não abandonaria funções de governaça se não tivesse deveres de suma importância, como satisfazer a última parte das instruções do rei, participando da fundação da cidade. Não outra explicação para a sua presença em Natal. Tinha sido encarregado da missão e deveria cumpri-la até o final".
Essa teoria se fundamenta nos seguintes pontos:
1 - A presença de Manuel Mascarenha em dois eventos:
a) Solenidade da ratificação da paz com os nativos.
b) Data da fundação da cidade.
2 - E, ainda, os seguintes argumentos:
a) Doou a primeira sesmaria no Rio Grande do Norte a João Rodrigues Colaço, ato administrativo que provaria que estava à frente do governo da capitania.
b) Mascarenhas Homem tinha como missão expulsar os franceses, construir uma fortaleza e fundar uma cidade. Deveria executar objetivos e, assim, teria para cumprir a última missão: a fundação de Natal.
Manuel Mascarenhas Homem prestigiou os eventos citados como representante do governador-geral do Brasil e foi representando D. Francisco de Souza que doou a sesmaria a colaço. É bom lembrar que, como comandante de uma expedição militar, ele não poderia doar sesmaria ...
Mascarenhas Homem construiu a fortaleza de madeira, lançando os fundamentos da fortaleza definitiva. Expulsou os franceses, mas não fundou a cidade do Natal porque em dezembro de 1599 já existia um governante, o capitão-mor João Rodrigues Colaço, habilitado legalmente para fundar a cidade e iniciar o processo de colonização...
Não se pode esquecer, também, que no documento da doação de capitão da fortaleza, D. Manuel Mascarenhas Homem disse claramente que "por mandato do dito Senhor vim conquistar este Rio Grande e fazer nele a fortaleza dos Reis Magos". Não afirma que veio fundar uma cidade e, no entanto, Natal já estava fundada! Chega-se a uma conclusão: Manuel Mascarenhas não fundou a Cidade do Natal. Falta examinar apenas a teoria que defender ter sido João Rodrigues Colaço o verdadeiro fundador.
Vicente Lemos foi o primeiro historiador a afirmar que João Rodrigues Colaço teria sido o homem que exerceu, pela primeira vez, a função de capitão-mor do Rio Grande, numa nota publicada na revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Vol. 6, página 138: A conquista iniciada em princípios de 1598, e na qual tanto distinguiu-se Jerônimo de Albuquerque, remete no ano seguinte, e, ciente D. Francisco de Souza, governador-geral do Brasil, de bom êxito da empresa, nomeou capitão-mor do forte a João Rodrigues Colaço, o primeiro que realmente governou a capitania".
Depois, entretanto, Vicente de Lemos muda de opinião. No seu livro "Capitães Mores e Governadores do Rio Grande do Norte", declarou que Jerônimo de Albuquerque foi o fundador da Cidade do Natal.

 

A Insurreição Pernambucana
Alguns colonos estava descontentes com o domínio holandês, ainda na administração de Nassau. Devido ao regime, muito duro, imposto pela Companhia das Índias Ocidentais. Por outro lado, após a trégua com a Holanda, Portugal almejava a devolução de suas colônias, porém, a Holanda não concordava. Gerando, assim, um clima de hostilidade entre os dois impérios. Diante do impasse, o governo português começou, secretamente, a fomentar a revolta nas terras ocupadas.
Em 1642, André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira já confabulavam, animados com a restauração do Maranhão. Não estavam sozinhos. O governador geral Antônio Teles da Silva enviou em 1644, experientes militares, liderados por Antônio Dias Cardoso, para Pernambuco, para que atuassem como instrutores. Ainda nesse ano, André Negreiros e João Fernandes, juntos elaboravam um plano para iniciar a reação contra os holandeses, tudo feito secretamente porque a trégua entre Holanda e Portugal não permitia se agisse às claras. Dentro desse contexto, em 1644, Henrique Dias e seu batalhão negro seguiam da Bahia para Pernambuco, como se estivessem fugindo. E, logo depois, D. Antônio Felipe Camarão, com seus nativos, segue o mesmo rumo, oficialmente perseguindo os fugitivos ...
Em 15 de maio de 1645, João Fernandes Vieira e Antônio Cavalcanti, na várzea de Capibaribe. Assumiam um compromisso para lutar "em nome da liberdade divina". Pouco dias depois, ou seja, 23 de maio, os dois juntamente com outras personalidade (16), assinavam um documento onde demonstravam sua disposição de lutar pela "restauração de nossa pátria".
A insurreição começou no dia 3 de junho de 1645, na várzea do Capibaribe. Em agosto, os comandados de João Fernandes Vieira ultrapassavam mil homens!
Entre as batalhas que obtiveram maior significação podem ser apontadas: a de Tabocas, em 1645, quando os revoltosos venceram os batavos do coronel Hans e do capitão Blauer. E as duas batalhas de Guararapes. A primeira, em 19 de abril de 1648, com os revoltosos sendo chefiados pelo mestre-de-campo general Francisco Barreto e, ainda, as tropas de André Vidal, de Henrique Dias, de Antônio Felipe Camarão e de Vieira. Os holandeses tinham no tenente-general Sigismundo von Schoppe seu principal líder. A vitória sorriu para os coloniais. A segunda, que se realizou em 18 de fevereiro de 1649, foi mais uma derrota dos neerlandes. Era, praticamente, o fim do domínio holandês no Brasil.
A Holanda passava por uma crise, estando envolvida na "Guerra de Navegação" contra os ingleses, forçando desviar a atenção e recursos que seriam destinados ao Brasil. A Inglaterra, interessada na destruição de sua rival, passou a ajudar a colônia portuguesa em sua luta contra os batavos. Através do "Ato de Navegação", de Cromwell, ficaram os holandeses sem liberdade de ação no mar, onde até aí haviam gozado de inegável supremacia', como disse Hélio Vianna.
A expulsão dos holandeses foi, sobretudo, uma grande vitória dos portugueses, mestiços e, também, uma bela participação de negros e nativos. Fez nascer, ou pelo menos reforçou, o sentimento nativista, nacionalista. Demonstrou toda a força de um novo tipo que estava nascendo: o brasileiro, e lançava as bases de uma futura nação independente: o Brasil.

Destruição na Capela de Cunhaú

Segundo Câmara Cascudo, "o engenho Cunhaú foi construído na sesmaria dada por Jerônimo de Albuquerque em 2 de maio de 1604 aos seus filhos Antônio e Matias. Constava de 500 quadradas na várzea de Cunhaú e mais duas léguas em Canguaretama".

No início do século, o engenho exportava açúcar para Recife. Possuía um fortim, sob o comando do capitão Álvaro Fragoso de Albuquerque. Foi construído por marinheiros de Dunquerque.

Esse fortim foi atacado, vencido e destruído pelo coronel Artichofski, em outubro de 1634.

A Companhia confiscou o engenho de Antônio Albuquerque Maranhão.

Depois, o engenho passou por várias mãos.

No dia 15 de julho de 1645, sábado, Jacob Rabbi apareceu em companhia dos janduís, liderados por Jererera, no engenho de Cunhaú. A simples presença dos tapuias e de potiguares causou pânico na população.

Jacob Rabbi trazia instruções de Paul Linge. Publicou um documento, convidando a população para, no domingo, comparecer à capela para participar de uma reunião, quando seriam transmitidas determinações do Conselho Supremo.

A capelinha tinha como padroeira Nossa Senhora das Candeias.

A maioria do povo atendeu ao convite, lotando o templo. Tiveram, entretanto, que deixar suas armas do lado de fora.

O padre André de Soveral, paulista de São Vicente, missionário e tupinólogo, começou a celebrar a missa, considerando que a reunião seria realizada após o ato religioso. Possuía entre 70 e 90 anos. Era muito querido pelos seus paroquianos.

Os nativos se aproximaram da capela. Fecharam as portas. Os fiéis compreenderam o que iria acontecer. Tarde demais. Quando o padre André Soveral elevou a hóstia, era o sinal combinado, começou o massacre. As vítimas mal tiveram tempo de pedir perdão de seus pecados. Gritos, súplicas, gemidos.

Alguns tapuias procuraram atingir o sacerdote, André Soveral, então, disse:

- "Aquele que tocar no padre ou nas imagens do altar terá os braços e as pernas paralisados!"

Os tapuias recuaram, porém Jererera acertou um golpe violento no sacerdote, que caiu. Ainda conseguiu se erguer, mas por pouco tempo, tombando sem vida. Morreram, ao todo sessenta e nove pessoas.

A notícia se espalhou, provocando revolta. Iniciando, pouco depois, a fase das represálias. Em outubro de 1645, apareceu o capitão João Barbosa Pinto, matando holandês, com fúria selvagem. Em janeiro de 1646, Felipe Camarão e o capitão Paulo da Cunha só não fizeram o mesmo porque não encontraram inimigo para matar.

Após a expulsão dos holandeses, em 1645, a capela foi reconstruída pela família Albuquerque Maranhão, conforme registrou Fernando Távora.

O Governo Holandês no RN

As se apossarem do Rio Grande, os holandeses mudaram o nome da fortaleza para Castelo Ceulen. Natal passou a se chamar Amsterdã (ou Nova Amsterdã). Logo após a conquista, Joris Gardtzman assumiu o governo sozinho.

Em 1637 foram criadas as Câmaras dos Escabinos, presididas pelo esculteto, cargo que correspondia ao de prefeito, na atualidade. Havia ainda os curadores autonomia.

O Rio Grande não possuía autonomia administrativa, "dependia da justificação da Paraíba onde residia um diretor".

Durante o domínio holandês, nada foi feito que dignificasse um governo. Havia somente duas preocupações: dominar e explorar economicamente a região. Isso significa dizer eliminar qualquer resistência, que política, quer religiosa, para assegurar a exploração econômica. Subjugar pelas armas para garantir o fornecimento de carne bovina e de farinha. Nesse aspecto, a administração batava, no Rio Grande, obteve êxito, garantindo o alimento necessário para que os invasores pudessem ser mantidos em Recife. Caso contrário, eles teriam duas opções: abandonar Pernambuco ou morrer de fome...

Como mostra Tarcísio Medeiros, "a mestiçagem continuou no período holandês: a dos bugres com portugueses ou holandeses, que produzia, no dizer de um cronista flamengo "belos tipos de mulheres e homens. Do contato de mulheres brasileiras, tanto com portugueses como com neerlandeses, nascem muitos bastardos, entre os quais não raro se encontram formosos e delicados tipos quer de homens, quer de mulheres". Tarcísio Medeiros transcreveu essa última parte do texto do livro de "História do Brasil", vol. 2. De Ernani Silva Bruno. E cita o testemunho de Gilberto Freyre: "Seriam tais louros, em alguns casos, restos de normandos ou de flamengos do século XVI".

Em 1654 termina, para a felicidade dos que ainda restavam da população, o domínio holandês no Rio Grande. Quando o capitão Francisco de Figueirora, comandando 850 soldados,. Vinha reassumir o governo da capitania, o Rio Grande era apenas abandono e ruínas, inclusive a capital que praticamente foi destruída.

Feitos e Sonhos de Vieira de Melo

Nasceu em Muriboca (hoje Jaboatão), no Estado de Pernambuco, sendo filho de Bernardo Vieira de Melo. Em primeira núpcias, casou-se com D. Maria de Barros, com a qual não teve filhos. Casou-se, pela segunda vez, com D. Catarina Leitão, tendo quatro filhos.

Antonio Soares considera Bernardo Vieira de Melo um homem "enérgico, justiceiro, operoso, patriota". Como Bernardo Vieira de Melo se envolveu em acontecimentos trágicos, contrariando interesses e, ainda, defendeu idéias perigosas, como a proclamação de uma república para o Brasil, foi duramente criticado, sendo preso e morrendo na prisão.

O que não se pode negar é que foi um grande soldado.

Exerceu as seguintes funções, antes de governar a Capitania do Rio Grande: Capitão do Rio Grande: Capitão de Infantaria das Ordenanças, Capitão de Cavalos e Tenente-Coronel. Distinguiu-se na luta contra o Quilombo de Palmares.

Foi também um bom administrador. Ocupou os cargos de capitão-mor do Rio Grande, quando pacificou a região que vivia num clima de permanente hostilidade entre os nativos e os colonos portugueses. Homem inteligente, compreendeu logo que os silvícolas se rebelavam porque eram provocados pelos brancos. E adotou como lema, conforme relata Tarcísio Medeiros, "não combater o nativo de forma desumana". Coerente com esse princípio, não promoveu nenhuma guerra contra o gentio. Evitou, com energia, que os nativos fossem provocados, porque a ameaça era realmente a ambição dos portugueses que desejavam as terras dos selvagens... Agiu, portanto, sem derramar sangue.

A luta era, porém, árdua e difícil. Cansado, pediu substituto no dia 5 de junho de 1700.

Bernardo Vieira de Melo foi um homem de princípios rígidos, que não permitia o menor deslize. Ao saber que seu filho, segundo informações maldosas, estava sendo traído pela esposa, agiu rápido e precipitadamente. Mandou matar o possível amante de D. Ana Tereza, capitão-mor e morgado de cabo, João Paes Barreto. Pouco depois, D. Ana Tereza foi assassinada...

Vieira de Melo também ousou sonhar com uma república independente de Portugal, como esclarece Tarcísio Medeiros: "Líder da corrente emancipacionista que no Senado da Câmara de Olinda propões a instituição de uma república à moda de Veneza, livre da tutela portuguesa". Possuindo tais idéias, foi acusado, justamente com seu filho André, do crime de inconfidente e de lesa-majestade. Não suportando a perseguição, os dois, pai e filho, se apresentaram às autoridades. Foram levados para Lisboa, ficando na prisão de Limoeiro, onde vieram a falecer. O fim trágico desses dois homens foi narrado, por Tarcísio Medeiros, da seguinte maneira: "Bernardo, numa noite muito fria, acendera no quarto um fogareiro de carvão e pela manhã foi encontrado morto, sufocado pelas emanações de gás carbônico. Quanto ao filho André, morria logo depois de um ataque cardíaco, quando se entretinha a jogar com outros presos".

Nota do pesquisador. Suponho que Maria de Barros, seja irmã de Catarina de Barros, esposa de Domingos Carvalho Silva, ancestrais dos Costa Barros e dos Feitoza – Gileno

Revolução de 1817

Adesão de André de Albuquerque Maranhão

A Capitania do Rio Grande do Norte, à época da revolução, era governada por José Inácio Borges que, ao ser informado do movimento pernambucano, preparou-se para resistir. Tratou de entrar em contato com o comandante de Divisão do Sul, André de Albuquerque Maranhão, que se encontrava em Goianinha. Chegaram a conferenciar por cerca de duas horas sobre a segurança da capitania frente aos acontecimentos de Pernambuco. No retorno a Natal, o governador pernoitou no Engenho Belém, próximo à atual cidade de Nísia Floresta. Ao amanhecer, José Inácio Borges viu que o engenho estava cercado pelas tropas sob o comando do próprio André de Albuquerque, que aderira ao movimento. Preso, o agora ex-governador José Inácio Borges foi enviado a Recife.

André de Albuquerque Maranhão entra solenemente em Natal com sua tropa no dia 28 de março, dando início ao governo revolucionário, cuja sede seria o Edifício das Provedorias da Fazenda ou Real Erário, onde atualmente funciona o memorial Câmara Cascudo.

Da junta governamental faziam parte Antônio Germano Cavalcanti de Albuquerque , capitão de infantaria; coronel de milícias Antonio da Rocha Bezerra e o padre Feliciano José Dornelas, vigário de freguesia.

Revolução de 1817

O Movimento em Pernambuco

Como as demais rebeliões da época, a de 1817 teve entre suas causas principais a rivalidade entre portugueses e brasileiros. Afirma-se que os brasileiros nunca alcançavam postos elevados nas milícias, que eram sempre comandadas por portugueses. Mas nesse contexto, o quadro econômico não pode ser esquecido. Secas constantes, queda no mercado internacional do preço do açúcar e do algodão levaram a uma recessão econômica de grande significado. Os abusivos impostos, cobrados pela metrópole para manter a corte portuguesa que ainda se encontrava no Brasil, completou o panorama do qual a revolução deflagraria.

Informado de que se tramava no Recife um movimento de caráter nativista, e também sobre o nome dos envolvidos na conspiração, o então governador, capitão-general Caetano Pinto de Miranda Montenegro, ordenou a prisão de todos os comprometidos. A prisão dos civis foi efetuada quase sem reação. Porém, ao receber a ordem de prisão, o capitão José Barros Lima. "O Leão Coroado", reagiu ferindo mortalmente o enviado ao governo que tentava detê-lo.

Iniciou-se, assim, o movimento que tratou de organizar um governo provisório, no qual havia representantes de quase todos os segmentos da sociedade. Faziam parte do grupo; Domingos José Martins, o representante do comércio; José Luís Mendonça, pela magistratura; Domingos Teotônio Jorge, escolhido o comandante em armas pelos militares; o padre João Ribeiro, pelo clero; Manuel Correia de Araújo, pelos agricultores, e como secretário do interior foi nomeado o padre Miguelinho. Para conselheiros foram escolhidos o ouvidor (autoridade judiciária) Antônio Carlos Ribeiro de Andrada; o dicionarista Antonio de Morais Silva, e o comerciante Gervásio Pires Ferreira. Para autoridades eclesiástica, o deão Luís Ferreira.

Uma nova "Lei orgânica" foi adotada pelo governo, que vigoraria até a elaboração de uma Carta Constitucional. Dentre outras providências, a nova lei determinava:

forma republicana de governo;

liberdade de imprensa e religião;

manutenção do direito de propriedade e da escravidão.

A reação foi organizada por D. Marcos de Noronha e Brito, que contou com o apoio de comerciantes portugueses do Recife e de alguns rebeldes mais moderados que temiam o caráter socialista do movimento. Recife foi bloqueada e, em maio de 1817, já estavam presos os revoltados, depois de violenta repressão.

O fim do movimento não apagou definitivamente a chama revolucionária no Nordeste. Ela voltaria a aparecer em 1824, na "Confederação do Equador".

O Entusiasmo de Frei Caneca Pelo Seridó

Para D. José Adelino Dantas, o frade carmelita Joaquim do Amor Divino Rabelo e Caneca era "uma figura exponencial, no ardor, na combatividade, na eloqüência e na bravura".

Frei Caneca, como era mais conhecido, após a derrota do movimento que explodira em Pernambuco, segue com um grupo rumo ao Norte, armados inclusive com peças de artilharia. Seu roteiro até chgar ao Seridó foi o seguinte: Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Conta D. José Adelino Dantas: "nos sítios de Malacacheta e Pedra Lavrada, atingem o Seridó pelo 'boqueirão da serrota' , o atual boqueirão de Parelhas (...) Calcando as brancas areia do rio Seridó, os homens de Frei Caneca acamparam, à tardinha do dia 22, na fazenda das almas".

Frei Caneca, entusiasmado com o Seridó, escreveu que "a descida da Serra da Borborema, ainda nesta estação, é lindíssima. Apresenta golpes de vista dos mais pitorescos, capazes de encantar os olhos dos viajantes".

Seguindo caminho pelo Seridó, os expedicionários, a partir do sítio de S. João atingiram a Serra de Samanáu e, no dia 26 de outubro de 1824, ao meio dia, entraram em Caicó. Foram recebidos pelo padre Francisco de Brito Guerra. O povo se confraternizou com os forasteiros.

D. Adelino Dantas, de maneira objetiva, descreveu os últimos instantes que Frei Caneca passou em Caicó: "A milícia confederada demorou em Caicó uma semana. Impunha-se descansar a tropa e consertar as peças (...). Sob o belo luar de 2 de novembro de 1824, levantou acampamento e retorna a marcha, rumo ao Ceará".

Nota do pesquisador – Frei Caneca está ligado à família do Barão de Água Branca

 

Da Pré-História ao Final do 2º Milênio
O homem primitivo, nascido em terras potiguares antes da vinda dos europeus, é bem mais antigo do que se imaginava.
Antes de chegar ao Nordeste, teria vindo possivelmente da Ásia, através do Estreito de Bering ou por outras vias. O fato é que, com o passar do tempo, atingiu as terras que formariam, no futuro, o Rio Grande do Norte.
Esses povos desenvolveram culturas, procurando se comunicar, inventaram um tipo de escrita, conhecida pelo nome de inscrição rupestre, uma linguagem formada por traços, círculos, pontos e até pinturas.
A coloniza européia, no Nordeste brasileiro, foi conseqüência da expansão do imperialismo europeu. Nesta região, tentaram se fixar franceses, espanhóis, holandês e portugueses.
Filipe II, da Espanha, ao anexar Portugal e suas colônias, procurou de imediato se apossar de todo o Nordeste e da região Norte. Mandou expulsar os franceses da Capitania do Rio Grande, construir uma fortaleza (a Fortaleza da Barra do Rio Grande ou, como é mais conhecida, Fortaleza dos Reis Magos) e fundar uma cidade.
A expedição armada, comandada por Mascarenhas Homem, fracassou, porém, Jerônimo de Albuquerque, os jesuítas e os líderes nativos conseguiram, através de navegações, a pacificação da região.
Expulsos os franceses, construída a fortaleza no dia 25 de dezembro de 1599, João Rodrigues Colaço fundou Natal, que deveria funcionar como núcleo inicial de colonização se desenrolasse de maneira lenta.
Os holandeses tentaram conquistar o Nordeste, primeiro, procurando se apossar da capital da colônia (1624/1625). Sonhavam com 8.000 florins que a Bahia arrecadava anualmente. E, a partir daquela capitania, conquistar todo o País. Foi, contudo, um sonho que se desmoronou, por sinal bem rápido.
O fracasso foi total, mas a idéia de tomar o Brasil da Espanha continuava, pois não admitiam a derrota que sofreram para seu grande rival... E fizeram uma segunda tentativa. Escolheram, agora, a terra do açúcar, Pernambuco!
Conseguem o seu objetivo, se apossando de Pernambuco e, ainda, avançam, conquistando todo o Nordeste.
O conde de Nassau, figura invulgar, procurou não apenas explorar as terras sob seu domínio, como desejava a Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais, e sim agir como se fosse um "mecenas". Incentivou a arte, a ciência e a cultura. Mostrou-se, ao mesmo tempo, hábil político e bom administrador.
O Rio Grande possuía um vasto rebanho de gado bovino, necessário para abastecer os invasores. Era urgente, portanto, a sua conquista, após muita pesquisa - porque a fortaleza da Barra do Rio Grande (Reis Magos) aparecia como um grande obstáculo. Mas, ao contrário, a tomada da fortaleza foi bem mais fácil do que eles esperavam. Aqui, os holandeses agiram de uma maneira bem diferente: nenhuma preocupação pela arte, ciência, cultura. A capitania foi transformada numa fornecedora de carne bovina para Pernambuco.
No Rio Grande, o conflito se agravou por causa do fanatismo religioso, provocando dois grandes massacres: o de Cunhaú e o de Uruaçu.
Apesar da violência, a tradição indicava os holandeses como sendo os autores de obras importantes, como a fortaleza dos Reis Magos ou, então, a ponte (antiga) de Igapó, construída muito depois de sua expulsão... Existe apenas uma explicação para tudo isso: uma resistência, pelo menos a nível de subconsciente, contra a colonização lusitana.
O último ato dos batavos, no Rio Grande, foi mais violência. Vencidos, obrigados a deixar a capitania, lançaram fogo, destruindo o que podiam, inclusive, documentos.
Após os flamengos, a capitania conheceu outro momento de grande violência: "A Guerra dos Bárbaros". Provocada pelos brancos, que desejavam tomar a terra dos seus legítimos donos, ou seja, dos nativos. A violência gerou violência. Bernardo Vieira de Melo, compreendendo essa verdade, agiu com competência e justiça, conseguindo aplicar a região sob o seu comando.
Essas duas guerras, contra os holandeses e dos "Bárbaros", foram responsáveis pelo atraso, ou seja, impediram o desenvolvimento natural do Rio Grande do Norte.
No século XVIII, a economia tinha por base apenas a agricultura e a indústria pastoril.
A Revolução de 1817, em Recife, teve reflexos no Estado. José Inácio Borges, que governava a capitania, procurou reagir, sendo preso por André de Albuquerque. O movimento não contou com o apoio popular. A reação monarquista veio logo a seguir, triunfando. André de Albuquerque, ferido, foi levado preso para a fortaleza, onde faleceu.
A independência do Brasil foi outro acontecimento que não conseguiu entusiasmar o povo. Houve apenas uma festa para comemorar a emancipação política do País, no dia 22 de janeiro de 1823.
A Confederação do Equador, no Rio Grande do Norte, se caracterizou pela atuação de Tomás de Araújo Pereira, para evitar que ocorressem conflitos armados no Estado. Sofreu, chegando a se humilhar, porém, conseguiu o seu intento.
A escravidão representava, no final do século XIX, o atraso, identificada com a decadente monarquia.
O abolicionismo, ao contrário, representava o novo e para muitos fazia parte dos ideais republicanos. Foi, contudo, a princesa Isabel quem decretou o fim da escravidão, no dia 13 de maio de 1888.
A grande falha do abolicionismo, no Brasil, foi a de não ter lutado pela integração do negro na sociedade, após a sua libertação. Como resultado, os africanos e seus descendentes passaram por grande dificuldades. Alguns se deslocaram para regiões distantes das cidades, formando comunidades fechadas, como em Capoeira dos Negros.
A libertação dos escravos, no Rio Grande do Norte, foi defendida por grupos de jovens e intelectuais, que fundavam, em seus municípios, associações que batalhavam pela emancipação do negro.
Mossoró foi a primeira cidade que libertou seus escravos, no dia 30 de setembro de 1883.
A Proclamação da República, a exemplo de outros acontecimentos, não despertou grande entusiasmo no povo potiguar. Teve caráter meramente adesista.
No novo regime, predominavam os interesses da oligarquia Albuquerque Maranhão. Contra ela, se insurgiu José da Penha Alves de Souza, promovendo a primeira campanha popular do Rio Grande do Norte. Patrocinou a candidatura do tenente Leônidas Hermes da Fonseca, que não conhecia e nem desejava governar o Estado... Abandonado pelo seu candidato, José da Penha voltou para o Ceará, onde chegou a ser eleito deputado estadual.
Quando o eixo econômico passou do litoral (açúcar-sal) para o sertão (algodão-pecuária), apareceu uma nova oligarquia, liderada por José Augusto Bezerra de Medeiros, cujo domínio terminou com a Revolução de 1930.
O regime político, apodrecido pelas fraudes, corrupção, provocou o descontentamento de grupos militares e civis. Dentro desse contexto, Luís Carlos Prestes e Miguel Costa percorreram o País com uma tropa, a "Coluna Prestes", protestando contra o autoritarismo do presidente Artur Bernardes. A "Coluna Prestes" entrou no Rio Grande do Norte pela Zona Oeste, travando combates com a polícia, durante o governo de José Augusto Bezerra de Medeiros.
A ‘Questão de Grossos" começou no século XVIII, quando Rio Grande do Norte e Ceará não tinham definido suas fronteiras. O Ceará precisava do sal potiguar para poder fabricar suas carnes de sol. A Câmara de Aracati (Ceará) pretendeu além das de seu Estado, penetrando em terras do Rio Grande do Norte. Era a chamada "Questão de Grossos".
Em 1901, a Assembléia Estadual do Ceará elevou Grossos à condição de vila, incluindo no seu território uma vasta área do Rio Grande do Norte. Alberto Maranhão, governador do RN, protestou. Era iminente um conflito armado entre os dois Estados. Para evitar o agravamento da crise, a controvérsia foi levada para uma decisão, através do arbitramento. Na primeira fase, o resultado foi favorável ao Ceará. Pedro Velho, então, convidou Rui Barbosa para defender a causa potiguar. Essa defesa também contou com a participação de Augusto Tavares de Lyra. Como resultado, o jurista Augusto Petronio, através de três acórdãos, deu ganho de causa em definitivo ao Rio Grande do Norte, em 1920. A "Questão de Grossos" estava encerrada.
A República foi ingrata com o sertão, que continuou abandonado, isolado dos grandes centros urbanos, com a maioria de sua população na ignorância e na miséria.
No sertão dos coronéis, os mais humildes tinham três opções: viver eternamente agregado às famílias dos coronéis; integrar-se ao cangaço, ou penetrar no mundo místico, cujo fiéis terminavam enfrentando os coronéis e se transformavam em grupos de "fanáticos".
Lampião levou pânico ao interior nordestino, chegando a invadir Mossoró, sendo derrotado pelo povo daquela cidade, sob a liderança do coronel Rodolfo Fernandes.
O cangaceiro, no sertão, era um misto de bandido e de justiceiro, único a fazer frente ao absolutismo dos coronéis.
Jesuíno Brilhante é o representante potiguar típico do cangaço.
Os grandes místicos do Nordeste foram: padre Cícero e Antônio Conselheiro.
Os fanáticos da Serra de João do Vale, liderados por Joaquim Ramalho e Sabino José de Oliveira, foram os místicos mais conhecidos da história do Rio Grande do Norte. O fim deles, porém, foi melancólico, derrotados pelo tenente Francisco de Oliveira Cascudo.
A Revolução de 30 irrompeu no Brasil para modificar a estrutura política existente no País. Governava o Estado, Juvenal Lamartine, muito dependente do poder central, e teve, segundo seus adversários, uma preocupação básica: perseguir seus inimigos... Com a Revolução de 30, perdeu o governo, caindo sem resistir.
A Revolução de 30, no Rio Grande do Norte, significa, sobretudo, a atuação de João Café Filho. Foi um lutador, procurando isntalar no seu Estado os ideais revolucionários. Encontrando sempre a resistência das oligarquias, lideradas por José Augusto de Medeiros.
A Revolução de 30 enfrentou momentos difíceis, por causa da oposição das classes conservadoras, representadas pelo Partido Popular. O governo central orientou Mário Câmara para fazer uma composição de forças, com o Partido Popular. O interventor, entretanto, não conseguiu efetivar tal aliança. Em vez de pacificação, cresceu o clima de agitação, fazendo com que o final da administração se transformasse no período de maior violência ocorrido até aquele momento.
A classe operária, contudo, começou a se organizar, se unindo em torno dos sindicatos.
Cinco anos depois de ter ocorrido a Revolução de 30, surgiu outro movimento armado, a Intentona Comunista. Gerado, em parte, pelo descontentamento provocado pelo governo de Mário Câmara, e que foi liderada por um grupo de comunistas. Vitoriosa a rebelião, uma grande agitação dominou Natal, com estabelecimentos comerciais assaltados e, ainda, com assassinatos.
A resistência maior foi feita pela polícia, sob o comando do major Luís Júlio e do coronel Pinto Soares. Surgiu um mito, transformado em herói: o soldado Luiz Gonzaga.
Foi instalado o "Comitê Popular Revolucionário" no dia 25 de novembro de 1935. Circulou o jornal "Liberdade".
Com o fracasso da Intentona, no Recife e Rio de Janeiro, os rebeldes abandonaram Natal, seguindo o rumo do Seridó. Na Serra do Doutor houve o encontro dos fugitivos com forças sertanejas, com a debandada de ambas as facções... Terminava, assim, a Intertona Comunista. A repressão foi violenta,
Mas o destino de Natal não seria, apenas, a de ser palco de violência. A sua localização geográfica fazia com que a cidade fosse predestinada para ocupar um lugar de destaque na história da aviação, desde os primórdios, na época dos hidroaviões, quando grandes aeronautas passaram por Natal: marquês De Pinedo, Paul Vachet, Jean Mermoz, etc.
O primeiro aeroplano que aterrissou no Estado foi um Breguet, pilotado por Paul Vachet.
Em 1927, o coronel Luís Tavares Guerreiro indicou a Vachet um local apropriado para construir um aeroporto, que aeroporto, que servisse de pouso para os aviões da Lignes Latércoère. Aprovado, nasceu assim o Aeroporto de Parnamirim. Foi inaugurado por um "Numgesser-e-Coli", pilotado por Dieu Domé Costes e José le Brix, concluindo, com êxito, o roteiro Saint Louis do Senegal-Natal.
Graças ao empenho de Juvenal Lamartine, no dia 29 de dezembro de 1928 foi fundado o Aéro Clube.
Em 1º de janeiro de 1931, o navio italizano "Lazeroto Malocello", comandado pelo capitão de fragata Carlo Alberto Coraggio, chegava a Natal, trazendo a Coluna Capitolina, ofertada pelo chefe do governo italiano Benito Mussolini, para comemorar o "raid" Roma-Natal, feito pelos aviadores Del Prete e Ferrarin.
Cinco dias depois, Natal recebeu a visita da esquadrilha da Força Aérea italiana, comandada pelo general Balbo. Governava o Rio Grande do Norte, Irineu Joffily.
Natal iria ficar mais famosa ainda durante a Segunda Guerra Mundial. Os norte-americanos, nesse período, construíram uma megabase, que desempenhou um papel tão significativo no grande conflito que se tornou conhecida pelo nome de "O Trampolim da Vitória".
Em Natal, ocorreu a reunião entre o presidente do Brasil, Getúlio Vargas e o presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, na chamada "Conferência de Natal" (28-1-1943).
A cidade cresceu, multiplicou sua população, foi visitada por personalidades ilustres de diversos países, e, sobretudo com o progresso, a população mudou de hábitos.
Para uma maior integração dos militares americanos com os nataleses, foram realizados, inúmeros bailes. Como conseqüência, houve uma invasão de ritmos estrangeiros: rumba, conga e boleros.
Natal, assim, perdeu definitivamente seu jeito de cidade provinciana.
O populismo se impôs, no Rio Grande do Norte, durante os anos 60, através de dois grandes líderes políticos: Aluízio Alves e Djalma Maranhão. O primeiro, oriundo do Partido Popular, se apresentava como sendo do Centro, iniciando o processo de modernização do Estado. O segundo nacionalista radical, homem de esquerda.
O golpe militar de 64 se caracterizou, no Rio Grande do Norte, apenas pelas perseguições a jovens e intelectuais da terra, como Moacyr de Góes, Djalma Maranhão, Mailde Pintou e outros. Luís Maranhão, ao que parece, foi morto pelas forças da repressão. Djalma Maranhão, exilado, com saudade do seu povo, morreu no Uruguai. Aluízio Alves, Garibaldi Alves e Agnelo Alves tiveram seus direitos políticos cassados pelo AI5
Na história educacional do Estado, um colégio se destacou: Ateneu, que se transformou num centro cultural de grande importância.
A "Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler" provocou uma verdadeira revolução no processo educacional do Rio Grande do Norte, nos anos 60, liderada por Djalma Maranhão, Moacyr de Góes e Margarida de Jesus Cortez.
O ensino "normal" passou por uma série de vicissitudes até o funcionamento do Instituto Presidente Kennedy. Inaugurado, por sua vez, com grandes festas, no governo de Aluízio Alves. Recentemente, foi redimensionado, ministrando o curso de 3º grau, visando a formação de um novo professor, cotando com a assessoria do professor Michel Brault.
A cultura no Rio Grande do Norte apresenta páginas brilhantes. Desde a fundação do seu primeiro jornal, "O Natalense", em 1832, pelo padre Francisco de Brito Guerra, até o presente momento, a imprensa escrita ocupou um lugar de destaque.
No século XIX apareceu o primeiro romance, "Mistério de um Homem", de Luís Carlos Lins Wanderley.
Nomes femininos que brilharam no século XIX e início do século XX: Isabel Gondim, Auta de Souza e Nísia Floresta.
Ferreira Itajubá é considerado o grande poeta do século XIX. A partir dessa época, surgiram grandes poetas até os dias atuais.
No dia 29-3-1902 foi fundado o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Luís da Câmara Cascudo, no dia 14-11-1936, fundou a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.
O movimento cultural cresceu muito e jornais se multiplicaram em praticamente todos os municípios do Estado.
Na atualidade, algumas instituições têm contribuído para o desenvolvimento cultural do Estado: Fundação José Augusto, "Coleção Mossoroense" e Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
O estado conta, até o presente momento, com duas antologias, reunindo os poetas do Rio Grande do Norte: a primeira, organizada por Ezequiel Wanderley, foi publicada em 1922 sob o título "Poetas do Rio Grande do Norte" e a segunda, escrita por Romulo Chaves Wanderley, que publicou, em 1965, o "Panorama da Poesia Norte-Rio-Grandense".
Novas antologias estão sendo preparadas. Uma delas organizada por Constância Lima Duarte, juntamente com a poetisa Diva Cunha.
A economia do Estado teve um lento caminhar, prejudicada por períodos de longas estiagens. Teve alguns ciclos: gado, cana-de-açúcar, algodão, sal, etc.
A partir de 1974, com a abertura do poço pioneiro, o petróleo começou a crescer na economia estadual. Fala-se, agora, no "Pologás-sal", que caso venha a se tornar realidade, trará grandes benefícios para o Rio Grande do Norte.
O turismo é apontado pelos especialistas como um setor que tende a crescer, pela potencialidade que a terra potiguar possui.
Foi construída uma rede de hotéis na Via Costeira e recentemente a Secretaria Estadual de Turismo organizou uma grande festa que abriu a VI BNTM (Brazil National Tourism Mart). Durante o evento, mais de 2.000 participantes freqüentaram os estandes dos nove Estados, armados no Pavilhão Parque das Dunas, do Centro de Convenções, em Ponta Negra.
O Rio Grande do Norte se encontra incluído no polígono das secas.
O governo Garibaldi Alves elegeu a irrigação como uma das metas prioritárias de sua administração. O seu projeto é interligar as principais bacias, como uma maneira de levar água de boa qualidade para a população, incluída nas comunidades atingidas pela seca, com a irrigação de uma vasta área do território potiguar.

 

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