Lourenço Alves Feitosa e Castro. - Filho do Tenente
Coronel Lourenço Alves de Castro e D.a Luzia Alves
Feitosa e Valle, nasceu a 13 de Dezembro de 1844 no Cococy
...
Lourenço
Alves Feitosa e Castro, Coronel do Exército e Presidente da Assembléia
Legislativa do Ceará, expoente máximo da política tauaense;
Coronel Lourenço Alves de Castro, casado com Luzia
Alves Feitosa e Vale, filha do major José do Vale Pedrosa.
José do Vale Pedrosa era filho do Capitão-mor José Alves Feitosa com D.
Maria Madalena Vieira, porém, trazia em nome apelidos não condizentes com os de
seus pais.
DOCUMENTOS INÉDITOS: IV - Carta
Patente do “Major” José do Vale Pedrosa
Heitor Feitosa Macêdo
José do Vale Pedrosa, mais conhecido
por Major José do Vale, foi uma figura destacada nos anais históricos do Ceará,
havendo participado de vários momentos que marcaram a vida dos cearenses.
1. A Família e o Meio
José do Vale Pedrosa era filho do
Capitão-mor José Alves Feitosa com D. Maria Madalena Vieira, porém, trazia seu
em nome apelidos não condizentes com os de seus pais. E, ao contrário do que
muitos imaginam, não era uma homenagem feita pelo pai do Major a algum amigo,
mas uma herança avoenga.
O pai de José do Vale, o Capitão-mor
José Alves Feitosa, era filho do Capitão José Alves Feitosa (da Fazenda Várzea
da Onça), que, por sua vez, era filho de Josefa Maria Feitosa, esta, filha do
Coronel Francisco Alves Feitosa (o primeiro).
Josefa foi casada com o Sargento-mor
Francisco Ferreira Pedrosa, por isso o uso desse sobrenome “Pedrosa”.
O Capitão-mor José Alves Feitosa era
filho do Capitão José Alves Feitosa e de D. Maria Madalena Vieira, sendo esta
filha do Sargento-mor João Bezerra do Vale e de Ana Gonçalves Vieira, irmã
colateral de Josefa. Daí o patronímico “Vale”.
O Major José do Vale era um homem
pacato, não cultivava ódio, dando prova disso pelo ensejo do falecimento de seu
pai, quando lhe indagaram se iria continuar com a intriga estabelecida entre
seu genitor e o Tenente-coronel Eufrásio Alves Feitosa.<!--[if
!supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]-->
A resposta dada, prontamente, foi a de que ele somente desejava herdar do pai
os haveres (os bens).<!--[if
!supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]-->
De fato, José do Vale, sendo filho
único, recebera do pai uma fortuna inestimável, ombreando-se ao Visconde do Icó
(Francisco Fernandes Vieira)<!--[if
!supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]-->.As
fazendas de José do Vale somavam 64, das quais, 24 excediam a 10.000 hectares,
algumas chegando a 20.000 ou 30.000 hectares.<!--[if
!supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]-->
A escravaria, na data de seu falecimento, possuía 263 escravos<!--[if
!supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]-->,porém,
afirmam alguns autores que esse número ultrapassava de 300 cativos<!--[if
!supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]-->,chegando
ao montante de 400.<!--[if
!supportFootnotes]-->[7]<!--[endif]-->
Diz a tradição que o Major José do
Vale passava meses viajando por entre suas fazendas, para administrá-las. Mas,
o torrão escolhido para passar a maior parte de seu tempo foi a Fazenda Cococi,
onde ele recebera todos os sacramentos (do nascimento à morte), ao abrigo da
barroca Capelinha erguida por seu 4º avô, o Coronel Francisco Alves Feitosa, em
1748.
Decerto, sua casa de morada sucumbira
como tantas outras construções antigas. Sabe-se que defronte à Capela do Cococi
existiam duas casas grandes, há muito demolidas.<!--[if
!supportFootnotes]-->[8]<!--[endif]-->
Nesse templo, dedicado à Nossa
Senhora da Conceição, construído por pedreiros vindos de Pernambuco, o Major
José do Vale alcançou o primeiro sacramento, o do batismo.<!--[if
!supportFootnotes]-->[9]<!--[endif]-->
Aos vinte dias do mês de novembro do
ano de noventa e hum (1791) na capela do Cococi filial a esta matriz de
Arneiroz batizei e pus os santos óleos em José filho legítimo do Tenente José
Alves Feitosa e D. Maria Madalena naturais de Arneiroz e materno do Capitão-mor
Pedro Alves Feitosa natural de Arneiroz e de D. Ana Cavalcante natural de
Ipojuca; nasceu a oito de outubro do mesmo ano; foram padrinhos o Sargento-mor
Francisco Alves Feitosa e D. Maria Alves Feitosa mulher do Alferes Francisco
Alves Feitosa de que fiz este assento em que me assino. Manuel da Costa Gadelha
- Cura de Arneiroz.<!--[if
!supportFootnotes]-->[10]<!--[endif]-->
Posteriormente, veio casar-se com Ana
Gonçalves Vieira Mimosa, servindo-lhe a Capela do Cococi como templo para tal
solenidade.
A esposa do Major José do Vale, Ana
Gonçalves Vieira Mimosa, também era filha única de um dos maiores potentados de
sua época, o Coronel Manoel Martins Chaves, dono da Fazenda Ipueiras, parente
dos Feitosa. Contudo, os bens do Cel. Manoel Martins Chaves foram confiscados
pela Coroa Portuguesa, pois o Governador do Ceará, João Augusto de Oeynhausen,
afilhado da Rainha Maria I, considerou o dito Coronel culpado pela morte do
juiz Antonio Barbosa Ribeiro, ocorrido em 1795.
Manoel Martins Chaves, sogro do
Major, foi preso covardemente no dia 26 de outubro de 1805, e enviado a
Portugal, onde faleceu à míngua na cadeia do Limoeiro. Não bastasse tamanho
castigo, aplicado a um inocente (como será provado em outro trabalho, por meio
de documentos inéditos), confiscaram-lhe os bens, que o próprio Manoel orçara
em mais de 50 léguas de terra.
Diz-se que Ana Gonçalves Vieira
Mimosa ficara órfã e pobre, porém, conta-se que um irmão de seu pai deixara-lhe
uma herança substancial.<!--[if
!supportFootnotes]-->[11]<!--[endif]-->
No mais, remediadamente, Ana casou-se com um dos indivíduos mais ricos da
Província do Ceará.
A dificuldade das mulheres da época
era multiplicada pelos preconceitos do meio, em vista do que às órfãs e viúvas
não se dava o devido respeito, e mesmo às mulheres em geral, que eram cerceadas
de variadas formas, sendo comum manterem-nas analfabetas. Isso não foi
diferente para Ana Gonçalves, conforme se vê num documento de registro de
terras:
Declaro eu Anna Gonsalves Vieira
Mimosa abaixo assignada, que possuo hum Sitio de terras nesta Freguesia do
Crato, denominado Fabrica; cujas extremas são as seguintes: ao Nascente extrema
com o capitão João Pereira, pelas agoas; ao Poente com o Padre Joaquim Ferreira
Lima verde: ao Sul com a Serra Araripe: ao Norte na barra do Riacho, que tem no
mesmo Sitio; e he por hum, e outro lado do mesmo Riacho; cujas forão compradas
por meo finado marido José do Valle Pedrosa a Francisco Pereira Maia, não
menciono a extensão por não terem sido medidas; e por não saber ler, mandei o
meo filho Pedro Alves Feitosa e Valle este por mim fisesse, e assignasse.
Cococi vinte e nove de Fevereiro de mil e oito centos e cincoenta e seis
Assigno arrogo de minha mai Anna Gonsalves Vieira Mimosa Pedro Alves Feitosa e
Valle<!--[if !supportFootnotes]-->[12]<!--[endif]-->
Enfim, no matrimônio, ambos deram
sorte, somaram seus haveres, e tiveram uma prole numerosa, de 11 filhos, cujos
nomes são os seguintes:
1 - Coronel Pedro Alves Feitosa e
Vale c/c D. Joana, filha do Sargento-mor Leandro Custódio de Oliveira
Castro (o primeiro);
2 - Francisco do Vale Pedrosa
c/c Maria (Dondon), filha do Capitão Vicente Ferreira de Sousa;
3 - José do Vale Pedrosa (Nô),
casado com Maria (Iaiá), filha de um irmão de seu marido, o Cel. Pedro Alves
Feitosa e Vale. Em conta de uma prevaricação de Iaiá, o Nô veio a assassinar um
primo, Leandro Custódio de Oliveira Castro (o segundo);
4 - Major Manoel Ferreira Ferro
c/c Josefina Felispatria Ferreira Ferro. Diz a tradição que ela era da família
Bezerra Formiga, da Paraíba. Outra versão é que ela era da Serra dos Cocos,
onde seu marido possuía terras. No mais, conta-se que ambos firmaram o casamento
perante a Igreja quando Manoel estava no final da vida;
5 - CandidoAlves Feitosa,
solteiro;
6 - Luziac/c o Coronel
Lourenço Alves de Castro, filho do Sargento-mor Leandro Custódio de Oliveira
Castro (o primeiro);
7 - Maria c/c o Tenente
Joaquim de Sousa Vale, filho do Capitão Vicente Ferreira de Sousa;
8 - Leonardac/c o Major
Eufrásio Alves Feitosa, filho do Capitão Pedro Alves Feitosa do Cococá;
9 - Marianac/c José Alves
Feitosa, filho do Capitão Pedro Alves Feitosa do Cococá;
10 - Isabel, casada em 1as
núpcias com Pedro (filho do Capitão Pedro Alves Feitosa do Cococá); em 2as
núpcias c/c Benjamim;
11 - Beneditac/c o Capitão
José Alves de Castro, da Cruz, filho do Sargento-mor Leandro Custódio de
Oliveira Castro (o primeiro).
2. A Vida Militar
Nas primeiras décadas do século XIX,
o Ceará foi palco de vários movimentos sociais e políticos. Depois de aderir à
revolução pernambucana de 1817, o povo cearense participou ativamente pela
independência, de 1822 a 1823, e em 1824 abraçou a causa republicana da
Confederação do Equador. Como se não bastasse, eclodiu, no Sul da província, a
Revolta de Pinto Madeira, em 1832.
José do Vale Pedrosa, ocupando
relevante posto militar, não ficou isento dessas beligerâncias. Seguindo os
mesmos paços do pai, falecido em 1823<!--[if
!supportFootnotes]-->[13]<!--[endif]-->,José
do Vale tomou parte em todos os embates supramencionados, com exceção da
Revolução Pernambucana de 1817.
2.1. A Guerra de Independência
A guerra de Independência fora
fundamental para a manutenção da unidade do território brasileiro, que D. João
pretendia cindir em dois: Estado do Maranhão (território que ia do Piauí à
região Norte) e o Estado do Brasil (do Ceará até o Sul). Assim, a independência
fora planejada pela Coroa portuguesa para acontecer somente no Estado do
Brasil.<!--[if
!supportFootnotes]-->[14]<!--[endif]-->
Contra essa perniciosa maquinação, os
Cearenses marcharam para o Piauí, no fito de dar embate às tropas portuguesas
comandadas pelo Sargento-mor José da Cunha Fidié (português), um experiente
militar à frente de um exército bem treinado e armado.
O Major José do Vale dirigiu-se até a
província do Piauí, e, em um dos combates, abriu fogo contra os próprios
aliados, por não haver fardamento adequado que os identificassem.<!--[if
!supportFootnotes]-->[15]<!--[endif]-->Então,
providencialmente, a Junta Governativa do Piauí expediu ordens para que os oficiais
inferiores e soldados usassem uma cinta de palha de buriti, com o objetivo de
se evitarem tais enganos.<!--[if
!supportFootnotes]-->[16]<!--[endif]-->
As tropas portuguesas, comandadas por
Fidié, transferiram-se para o Maranhão, aquartelando-se em Caxias, no Morro das
Tabocas. A resistência perdurou por vários meses, mas a rendição veio em 30 de
julho de 1823, quando os portugueses e os patriotas assinaram os termos de
capitulação (rendição).<!--[if
!supportFootnotes]-->[17]<!--[endif]-->
O nome de José do Vale não consta
entre os oficiais que assinaram os citados termos, mas há provas de que ele,
comandando 150 praças, esteve presente nesses embates, até o dia da rendição.<!--[if
!supportFootnotes]-->[18]<!--[endif]-->
2.2. A Confederação do Equador
Em seguida, outro movimento armado
dissemina-se pelo Ceará, desta vez, com o nome de Confederação do Equador, no
ano de 1824. Porém, esse sonho de implantação da república fora desfeito pelas
tropas imperiais. E para apurar as ações dos “revoltosos” (republicanos), no
interior,<!--[if
!supportFootnotes]-->[19]<!--[endif]-->montou-se
na cidade do Icó a Comissão Matuta (espécie de Tribunal Militar ou Tribunal de
Exceção), sediada na Casa da Câmara, tendo como escopo processar, julgar e
executar os membros da Confederação do Equador.
Esses episódios serviam a certos
indivíduos como ferramenta de vingança. Foi assim que o Sargento-mor João André
Teixeira Mendes (o Canela Preta), depois de ter abandonado a causa republicana
e se colocado o lado dos imperialistas, aproveitou para eliminar seus inimigos.
As tropas dos Inhamuns, capitaneadas
pelo Coronel João de Araújo Chaves e o Major José do Vale Pedrosa, foram dar
apoio à junta de governo criada no Icó desde o dia 26 de outubro de 1824.<!--[if
!supportFootnotes]-->[20]<!--[endif]-->Não
tardou para a Comissão Matuta revelar-se em um verdadeiro “tribunal de sangue”.
Um episódio ilustra a sanha com que
agiram os vogais em Icó, e, ao mesmo tempo, revela um pouco do caráter e do
comportamento do Major José do Vale Pedrosa perante às atitudes medonhas e
arbitrárias.
Antônio de Oliveira Pluma, que na ata
do Grande Conselho deixara escrito seu nome ajuntando o apelido “Pau Brasil”,
como fizera seu companheiro de infortúnio Manuel Francisco de Mendonça, já
fuzilado, é levado para o suplício. Seria o epílogo da sanguinolenta
encarnação.
Sentam-no em uma cadeira de propósito
preparada para o trágico fim. Vendam-lhe os olhos; prendem-lhe os braços e as
pernas. Deixam-no à frente de seus algozes, fulos de raiva, sedentos de sangue.
– Fogo! é a voz de comando, trêmula,
desorientada.
– Valha-me o Senhor do Bonfim! –
deixa escapar, medroso, o condenado.
Uma descarga forte, sibilando, vagueia
no espaço, sem contudo ferir o alvo desejado. Fica, entretanto, a prova
material – as balas encravadas no paredão de um dos ângulos da cadeia.
– Fogo!
– Valha-me o Senhor do Bonfim!
Terceira descarga é ordenada, desta
vez, porém, firme e segura. Ouve-se ainda esta exclamação implorativa em altas
vozes:
– Valha-me o Senhor do Bonfim!
O alvo ambicionado é ferido em cheio,
afinal. Pluma, confiante na sua fé religiosa, torna-se indiferente à sanha de
seus algozes. Está crivado de balas, cheio de vida, porém.
A multidão silenciosa, aterrada,
descobre no estranho caso qualquer coisa de extraordinário, sobrenatural. Não
se pode conter. Arrebata a vítima das mãos de seus verdugos. Leva-a, em
charola, à capela próxima de Senhor do Bonfim, duzentos metros adiante, em
testemunho da solene graça divina por ela recebida.
Pluma se restabelece. O milagre se
opera...<!--[if
!supportFootnotes]-->[21]<!--[endif]-->
João Brígido afirma que o salvador de
Antônio de Oliveira Pluma foi exatamente o Major José do Vale Pedrosa,<!--[if
!supportFootnotes]-->[22]<!--[endif]-->que
através da intercessão narrada, preservou-lhe a vida. Pluma, posteriormente,
tornou-se promotor de Baturité, em 1841,<!--[if
!supportFootnotes]-->[23]<!--[endif]-->
existindo um quadro com sua imagem no Museu do Ceará.
2.3. A Revolta de Pinto Madeira
Algum tempo depois, em 1832, o
Coronel Joaquim Pinto Madeira comanda uma rebelião no Sul do Ceará. Partindo de
Jardim/CE, os homens de Pinto Madeira tomam quase todo o Cariri.
As motivações que levaram Pinto
Madeira a deflagrar uma revolta ligam-se a vários fatores. Um deles, certamente
o principal, foi o desejo de promover a restauração do poder monárquico,
devolvendo-o às mãos de D. Pedro I, que, ao tempo, já reinava Portugal. Outros
motivos estavam jungidos às intrigas locais, formadas ao longo dos anos de
conflitos.
Para controlar o avanço das “tropas
pintistas”, o Major José do Vale Pedrosa, comandando um dos Batalhões da Legião
dos Inhamuns, dirige-se ao Cariri, no intuito de alcançar a “Serra” do Araripe.
Palmilhando as margens do Rio Cariús, na altura da Fazenda Poço dos Cavalos,
abre fogo contra os inimigos, durando das nove horas do dia 23 de maio de 1832,
até o meio dia. O encontro resultou na fuga dos soldados de Pinto Madeira, além
de dezoito mortos.<!--[if
!supportFootnotes]-->[24]<!--[endif]-->
3. A Carta Patente de Capitão das
Ordenanças
José do Vale Pedrosa faleceu em 1848[25], depois de uma vida turbulenta, porém, profícua,
deixando uma numerosa descendência. E, curiosamente, em pleno século XXI,
muitos dos seus descendentes fazem-lhe repetidas homenagens, batizando as
crianças com o nome José do Vale Pedrosa, que, geralmente, ganham o apelido de
“Major”.
No entanto, um documento da Torre do
Tombo, em Portugal, põe em dúvida a patente que José do Vale ostentava (a de
Major). Isso pelo fato de o referido documento tratar-se uma um pedido de
confirmação da patente de Capitão, da Companhia das Ordenanças da Ribeira dos
Inhamuns e Tauá, do dia 09 de março de 1803, feito por José do Vale Pedrosa.
Saliente-se que a patente de Capitão
estava, hierarquicamente, acima do posto de Major. Em face disso, resta saber
por que José do Vale era tratado por Major? A resposta encontrada reside no
fato de esta designação ter se integrado definitivamente ao nome de José do
Vale, tomando a natureza de um nome pessoal. Por isso, mesmo sendo Capitão,
José do Vale era tratado por Major.
Para espancar qualquer dúvida que
possa residir sobre o assunto, o documento é exposto, logo abaixo, na sua
íntegra, acompanhado das imagens originais e de sua respectiva transcrição
paleográfica.
Senhor
Diz Joze do Valle Pedroza, q̉ elle
provido no Posto de Cap.aỏ de huma das Companhias das Ordenanças das
Ribeiras dos Inhamús, e Tauá, pelo Governador da Capitania do Seará Grande:
Eporque preciza da da Regia Confirmaçaỏ de V.A. he por iSso q̉
Pa V.A.R. seja servido confirmar-lhe
a Patente junta na forma q̉ se costuma [palavra ilegível] praticar.
ERM
Como Pro.or
Alexandre Pereira Dinis
Bernardo Manoel de Vasconcellos
Cavalleiro Professo na Ordem de Sam Bento de Aviz, Fidalgo Cavalleiro da Caza
de Sua Mag.e Chefe de Esquadra da Armada Real Governador da
Capitania do Seará Grande etc. Faço saber aos que esta Carta Patente que
attendendo achace vago o Posto de Capitaỏ de huma das Companhias das Ordenanças
das Ribeiras, dos Inhamus, e Tauá de que hé Capitaỏ Mor Jozé Alz Feitoza;
ehaverme Proposto Jozé do Valle Pedroza, para o exercer, epor esperar delle que
no que for emcarragado do Real Serviço sehaverá comzelo e [promptaobem], e
muito como deva á boa confiança que sua peSsoa faço: Hei por bem na
Conformidade das Reaes Ordens nomiar ao dito Jozé do Valle Pedroza, no Posto de
Capitáo a Referida Companhia, com o qual Posto náo vencerá soldo algum mas
gozará, de todas as honras, graças, e previlegios que em Razáo delle lhe
pertencerem, e será obrigado a Requerer a Sua Alteza Real o Principe Regente
Nosso Senhor a Confirmaçáo desta Patente dentro de dois annos contados da data
desta Como Determina a Real Ordem de 28 de Maio de 1795. Pelo que Ordeno ao
Referido Capitaó Mor por tal o reconheça, honre, e estime, e aos Officiaes, e
Soldados seus subordinados lhe obedeçaỏ, e cumpram suas Ordens relativas ao
Real serviço como devem, e são obrigados. Em firmeza do que lhe Mandes paSsar a
prezente por Mim aSsignada, e Sellada com o Sello das Minhas Armas q́ se
registrará na Secretaria deste Governo, Vedoria Geral, e mais partes a que
pertencer. Dada na Villa da Fortaleza de Nossa Senhora da ASsumpçaỏ Nos dez
dias do mez de Junho, anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil
oitocentos. E Eu Jozé da Silva Alves, Official da Secretaria do Governo no
impedimento do actual Secretario a fiz escrever
Bernardo Manoel de Vasconcellos
Cavalleiro [rubrica]
Patente pela qual V.Ex.ahá
por bem nomiar a Jozé do Valle Pedroza, no Posto de Capitáo de huma das
Companhias das Ordenanças das Ribeiras dos Inhamús, e Tauá, pelos motivos nella
declarados.
Para V.Exc.aver.
Reg.da no L.o
1º de Reg.to [palavra ilegível] nesta Secretaria do Governo. V.a
do Icó 26 de Outubro de 1801.
Jozé da Silva Alves [rubrica]
Dei posse e tomei o juramento na frm.a
do Estillo o C. Jozê do Vale Pedroza prezentez az teztemunhaz o C. Ant.o
de S.to Anna Albuqr.e e o Alfr.es Liandro
Cuztodio Bizarril todos aSignaraỏ comigo Tauá 7 de Dzbr.o de 1801
Jozê Alz Feitoza [rubrica]
Ant.o de S.taAnna
Albuqr.e [rubrica]
Leandro Custodio Bez. [rubrica]
Joze do Vale Pedroza [rubrica]
BIBLIOGRAFIA:
Brígido, João, Ceará (Homens
e Fatos), Fortaleza, Edições Demócrito Rocha, 2001.
Chandler, Billy Jaynes
Chandler, Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns: A História de uma Família e uma
Comunidade no Nordeste do Brasil – 1700 - 1930, Fortaleza - CE, Edições
UFC, 1981.
Feitosa, Aécio, A
Família Feitosa nos Registros Paroquiais (1728 - 1801), Canindé -CE,
Editora Canindé, 2005.
Feitosa, Leonardo, Tratado
Genealógico da Família Feitosa, Fortaleza, Imprensa Oficial, 1985.
Figueiredo Filho, J. de, História
do Cariri, Volume II, 1ª Ed., Crato - Ceará, Faculdade de Filosofia do
Crato, 1964.
Freitas, Antonio Gomes de,
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1972.
Macêdo, Nertan, O Clã
dos Inhamuns, 2ª Edição, Fortaleza - CE, Edições A Fortaleza, 1967.
Prudêncio,
Antônio Ivo Cavalcante, Heróis da Solidão: Províncias do Norte (1817 a 1824),
Fortaleza-CE, 2011.
Vieira, Eneas Braga
Fernandes, A Fortuna do Visconde do Icó, Boletim
do Instituto Cultural do Vale Caririense, Juazeiro do Norte, Ano - 1976, nº 3.
DOCUMENTOS:
Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC). REGISTRO DE TERRAS DA
FREGUESIA DO CRATO – 1855-1859, Registro 256, folha 54v.
Arquivo Histórico Ultramarino, Brasil
- Ceará, 09 de março de 1803.
< !--[if !supportFootnotes]-->
< !--[endif]-->
<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> Feitosa, Tratado
Genealógico da Família Feitosa, Fortaleza, Imprensa Oficial, 1985, p. 40.
<!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]--> Sobre os bens do
Visconde do Icó, ver: Vieira, Eneas Braga Fernandes, A Fortuna do Visconde do
Icó, Boletim do Instituto Cultural do Vale
Caririense, Juazeiro do Norte, Ano - 1976, nº 3.
<!--[if !supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]--> Chandler, Billy
Jaynes Chandler, Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns: A História de uma Família
e uma Comunidade no Nordeste do Brasil – 1700 - 1930, Fortaleza - CE, Edições
UFC, 1981, p. 158.
<!--[if !supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]--> Freitas, Antonio
Gomes de, Inhamuns (Terra e Homens), Fortaleza - CE, Editora Henriqueta Galeno,
1972, p. 167.
<!--[if !supportFootnotes]-->[8]<!--[endif]--> Macêdo, Nertan, O
Clã dos Inhamuns, 2ª Edição, Fortaleza - CE, Edições A Fortaleza, 1967, p. 159.
<!--[if !supportFootnotes]-->[9]<!--[endif]--> Aécio diz que o
Sargento-mor Francisco Alves Feitosa teria sido padrinho do Major José do Vale
Pedrosa no dia 20 de novembro de 1791(Ver: Feitosa, Aécio, A Família Feitosa
nos Registros Paroquiais (1728 - 1801), Canindé - CE, Editora Canindé, 2005, p.
43).
<!--[if !supportFootnotes]-->[12]<!--[endif]-->Arquivo Público do
Estado do Ceará (APEC). REGISTRO DE TERRAS DA FREGUESIA DO CRATO – 1855-1859,
Registro 256, folha 54v.
<!--[if !supportFootnotes]-->[14]<!--[endif]--> Prudêncio, Antônio Ivo Cavalcante, Heróis da Solidão:
Províncias do Norte (1817 a 1824), 1ª Ed., Fortaleza - CE, 2011, p. 24.
<!--[if !supportFootnotes]-->[19]<!--[endif]--> Na Capital da
Província do Ceará, constituiu-se a Comissão Militar de Fortaleza, com a função
de processar, julgar e executar os participantes da revolução de 1824 (in
Figueiredo Filho, J. de, História do Cariri, Volume II, 1ª Ed., Crato - Ceará,
Faculdade de Filosofia do Crato, 1964, p. 74.
<!--[if !supportFootnotes]-->[20]<!--[endif]--> Brígido, João,
Ceará (Homens e Fatos), Fortaleza, Edições Demócrito Rocha, 2001, p. 273.
<!--[if !supportFootnotes]-->[21]<!--[endif]--> Souza, Esébio,
História Militar do Ceará, Apud Figueiredo Filho, op. cit., p. 101.
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