sábado, 1 de março de 2014

rua bom jesus

Rua do Bom Jesus, Recife, PE

Lúcia  Gaspar
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
 
O origem da cidade do Recife foi o seu bairro portuário, recebendo esse nome devido aos arrecifes, que constituíam uma muralha natural que servia de porto.
 
Desde o tempo da ocupação holandesa, a Rua do Bom Jesus era a mais importante do Bairro do Recife, possivelmente em decorrência de seu traçado natural de velha estrada, que conduzia viajantes procedentes de Olinda.
 
Inicialmente, ficou conhecida como Rua do Bode (Bockestraet). Durante do domínio holandês, tornou-se a via predileta dos israelitas, passando a ser chamada Rua dos Judeus. Quando eles deixaram Pernambuco, foi denominada de Rua da Cruz. Há indicações de que, nesse período, também teve o nome de Rua dos Mercadores, porém apenas no trecho da Rua da Cadeia e da Siculé, atualmente Marques de Olinda e Barbosa Lima, respectivamente. Em 1870, foi aprovado pelo Conselho Municipal o nome de Bom Jesus, proposto pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. A Rua do Bom Jesus vai da Avenida Marques de Olinda até a praça Artur Oscar.
 
Entre 1636 e 1654, existiu na rua a primeira sinagoga das Américas – Kahal Zur Israel (Rocha de Israel) – localizada nos prédios nºs 197 e 203. Uma prospecção arqueológica revelou a primitiva muralha do núcleo urbano e a mais antiga piscina de banho ritual (micveb ou micveh) das Américas, utilizada pelos que frequentavam a sinagoga no século XVII. A lei municipal nº 16.496, de 19 de julho de 1999, transferiu o uso dos prédios para a Federação Israelita de Pernambuco, a fim de que fosse instalada uma réplica da sinagoga Zur Israel.
 
No término da rua, situava-se a Porta da Terra (Lantpoort), uma das portas da cidade no período holandês. No local, no dia 26 de janeiro de 1654, houve a rendição do governo flamengo. Esta Porta se transformou no Arco do Bom Jesus e foi demolida por "exigência do trânsito", em 1850.
 
Na Rua do Bom Jesus, funcionaram a tradicional Botija Francesa, fundada em 1821, o Café Chileno, ponto de reunião de pessoas importantes, e o Hotel e Restaurante Europeu, que fez grande sucesso.
 
Um projeto de revitalização do Bairro do Recife restaurou o casario existente na área, ressaltando os detalhes das fachadas em estilo eclético, transformando a Rua do Bom Jesus e as ruas dos arredores em local de encontro da população recifense e de turistas.
Recife, 23 de fevereiro de 2010.
 
FONTES CONSULTADAS:
 
CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e suas ruas: se essas ruas fossem minhas... Recife: Edições Edificantes, 2002. 140 p. il. p. 59.
 
FRAGOSO, Danillo. Velhas ruas do Recife. Recife: UFPE, Imprensa Universitária, 1971. p. 60.
 
FRANCA, Rubens. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco, 1977. p. 148.
 
SILVA, Leonardo Dantas. Arruando pelo Recife: por ruas, pontes, praias e sítios históricos. Recife: SEBRAE/PE, 2000. 178 p. il. p. 101-102.
 
COMO CITAR ESTE TEXTO:
GASPAR, Lúcia. Rua do Bom Jesus, Recife, PE. Pesquisa Escolar online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/
>. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2009).

Coberta por paralelepípedos, a Rua dos Bom Jesus é uma dessas vias que

 transportam o passante em uma viagem no tempo. O nome foi dado por conta

 de um antigo Arco do Bom Jesus, nos idos de 1850, que funcionava como uma

 das portas da cidade. Seu casario secular é um registro da arquitetura erguida 

durante o Período Holandês em Pernambuco, sendo considerada uma primeira espécie de estrutura vertical do país. Na parte inferior, funcionava o comércio

 (ou a senzala). Na parte superior, os cômodos da família.

Foi chamada por muito tempo de Rua dos Judeus devido ao fato de que durante

 o governo do Conde Maurício de Nassau houve uma abertura a prática

s religiosas diversas, incluindo a judaica. Por conta dessa medida, famílias de 

judeus se instalaram no Recife, fundando, inclusive, o que hoje se chama a

 primeira sinagoga oficial das Américas. A Kahal Zur Israel está aberta ao 

público todos os dias, exceto aos sábados, cobrando R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia-

entrada) pela visitação.

A cultura regional também tem vez na Rua do Bom Jesus. É lá que funciona a 

Embaixada dos Bonecos, espécie de acervo dos bonecos gigantes do carnaval 

pernambucano. Cerca de 50 deles ficam expostos ao público, homenageando

 grandes nomes da cultura nacional, como: Alceu Valença, Chacrinha, Ayrton

 Senna, Chico Science, Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Ariano Suassuna, Lampião

, Capiba, Jackson do Pandeiro e Pelé. Toda visitação é guiada por monitores 

que, além de apresentarem os bonecos, explicam seu processo de confecção

. Uma loja de souvenires fica à disposição de quem quer levar uma

 lembrancinha para casa.

 
http://www.pernambuco.com/turismo/rnpm/bomjesus/

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